quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A química que dá gosto aprender

Com oito experiências simples, você mostra aos alunos como se dá a digestão no nosso corpo, esse laboratório ambulante, e torna sua aula mais interessante

Meire Cavalcante (Meire Cavalcante)
A química muitas vezes parece distante da nossa vida, algo que só existe em laboratório. "Tem aluno que quando pensa na disciplina imagina uma fumacinha azul saindo de tubos de ensaio", diz Vera Silva de Oliveira, professora de Ciências do Liceu Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora, em Campinas (SP). Para Egidio Trambaiolli Neto, professor e autor de livros didáticos de São Paulo, é preciso mostrar que essa ciência aparece no cotidiano: ela está nos alimentos, nas roupas e nos medicamentos. "E no nosso corpo também. Somos um laboratório ambulante", afirma. Por isso, essa máquina engenhosa chamada corpo humano pode ser uma fonte rica para suas aulas.

A professora Vera aproveitou a idéia para apresentar a disciplina de modo contextualizado para a 7ª série. Ela dividiu a classe em grupos de três ou quatro e, usando materiais simples, montou no laboratório da escola um circuito com oito estações, cada uma com uma experiência. Em sete delas, os alunos descobriram diferentes processos químicos que ocorrem na digestão, possibilitada pelos movimentos peristálticos, exemplificados na quarta etapa. "Nós mesmos fizemos as experiências e descobrimos como a química está presente no nosso corpo", afirma Vanessa Silva Sene, 13 anos.

1. O começo: A ação da saliva

Material

• vidro conta-gotas com tintura de iodo

• 2 copos plásticos de café

• 2 tubos de ensaio numerados

• água

• amido
Foto: Alexandre Battibugli
Foto: Alexandre Battibugli
Coloque água em um dos copos, acrescente amido, mexa e despeje dois dedos da mistura em cada tubo de ensaio. No outro copo, recolha um pouco de saliva, passe-a para um dos tubos e agite. Espere 30 minutos e pingue uma gota de iodo em cada tubo.
Conclusão 
O amido, ao reagir com o iodo, apresenta uma coloração roxa, mas a mistura com saliva não fica roxa por causa da atuação da enzima ptialina. Ela transforma o amido em maltose, que não reage com o iodo.

2. É importante mastigar bem
Material

• 2 copos com água

• 2 comprimidos efervescentes
Foto: Alexandre Battibugli
Foto: Alexandre Battibugli
Triture um dos comprimidos sobre uma folha de papel. Coloque simultaneamente o tablete inteiro em um copo com água e o triturado no outro.

Conclusão
O triturado se dissolve bem mais rápido. Essa é uma das características da digestão: quanto menores os pedaços de alimento, mais rapidamente os nutrientes presentes nele são absorvidos pelo organismo.


3. Sentindo os sabores

Material

• 4 conta-gotas com: suco de limão, água com açúcar, água com sal e chá de carqueja

• açúcar

• colher
Foto: Alexandre Battibugli
Foto: Alexandre Battibugli
Diga aos alunos que algumas regiões da língua são mais sensíveis a certos gostos que outras. Pingue os líquidos em diferentes regiões da língua. Depois, coloque açúcar na língua seca de um aluno.

Conclusão
Sentimos o gosto dos alimentos porque o cérebro interpreta as informações captadas pelos sensores presentes na língua. Se ela estiver seca, não sentimos gosto algum, pois a saliva ajuda a desprender dos alimentos partículas que sensibilizam o paladar.


4. O movimento da digestão

Material
• meia fina

• bolinha de isopor ou de tênis

• bolacha
Foto: Alexandre Battibugli
Foto: Alexandre Battibugli
Peça aos alunos para colocar a mão no pescoço. Ao engolir uma bolacha, eles sentirão o movimento peristáltico feito pelos músculos do esôfago. Coloque a bolinha (que representa a comida) dentro da meia fina (o esôfago). Faça a bolinha deslizar pela meia empurrando-a com os dedos.

Conclusão
Os músculos do esôfago se contraem de forma parecida com a meia para levar o alimento ao estômago. Esses movimentos ocorrem em todos os órgãos do sistema digestório.

5. A acidez do suco gástrico

Material

• 1 copo plástico de café

• leite

• vinagre ou suco de limão
Coloque leite no copo e adicione vinagre.

Conclusão
O vinagre talha o leite da mesma maneira que o suco gástrico, produzido pelo estômago, quebra as moléculas grandes dos alimentos em partículas menores. Isso ocorre porque o suco é composto de ácido clorídrico, enzimas e muco.

6. O detergente da digestão

Material

• dois copos com água

• óleo de cozinha

• detergente
Foto: Alexandre Battibugli
Foto: Alexandre Battibugli
Coloque óleo nos dois copos com água. Em um deles, acrescente detergente e agite.
Conclusão
Assim como o detergente, a bile, produzida pelo fígado, é um suco ácido que transforma as gorduras em gotículas muito pequenas, facilitando a digestão.


7. Quebrando as proteínas
Material

• clara de ovo cozido

• 4 tubos de ensaio numerados

• água

• suco de mamão, de limão e de abacaxi

• algodão
Foto: Alexandre Battibugli
Foto: Alexandre Battibugli
Coloque água no tubo 1, suco de mamão no tubo 2, de limão no tubo 3 e de abacaxi no tubo 4. Corte a clara de ovo em cubinhos iguais e coloque um em cada tubo. Tampe com algodão e deixe em repouso por três dias.
Conclusão
Apenas no tubo 4 será possível perceber a diminuição da clara de ovo, já que a bromelina, enzima presente no abacaxi, provocou a quebra da proteína albumina. No estômago e no intestino delgado as proteínas também são quebradas pelas enzimas.

8. Absorção da água pelo corpo

Material

• copo com água

• esponja

• Coloque a esponja seca no copo com água.

Conclusão
A esponja age da mesma maneira que o intestino grosso, pois ele absorve vitaminas e sais minerais de parte da água que estava nos alimentos ou que foi ingerida com eles. Esses nutrientes depois são levados pelo sangue para as células.
fonte: http://revistaescola.abril.com.br/ciencias/pratica-pedagogica/quimica-gosto-aprender-426142.shtml

Nenhum comentário:

Postar um comentário